Carreira do espetáculo culmina, a 10 de julho, com a conferência Kleist: o(s) Sentido(s) da Justiça, com a presença de Maria Filomena Molder
A virtude, a verdade, a ambição, o mal e a busca pela justiça – seja através das armas ou por mão divina. São estes os pilares fundamentais de O Duelo, espetáculo que se estreia amanhã, no Teatro Carlos Alberto (TeCA), a partir da novela homónima do alemão Heinrich von Kleist. Com direção cénica de Carlos Pimenta, a versão agora apresentada conta com tradução e adaptação dramatúrgica de Maria Filomena Molder. No dia 10 de julho, a carreira do espetáculo culmina com a conferência Kleist: o(s) Sentido(s) da Justiça. O momento, de entrada gratuita, vai realizar-se às 20h15 e junta José Bragança de Miranda e José Gomes Pinto à responsável pelo texto do espetáculo para debaterem as suas “potencialidades (…) para iluminar a vida contemporânea”.
“Eis a flecha que ‘trespassou a carne’ do Duque de Breysach, ferindo-o mortalmente e com base na qual o inquérito sobre a sua morte vai ser levado a cabo.” Estas palavras, proferidas por Miguel Loureiro, o único ator em palco, dão a conhecer a problemática que incita a história que se irá desenrolar. A flecha, a arma do crime, será o princípio de tudo. Não só da morte do Duque de Breysach, mas também responsável por “ferir” a reputação da viúva Littegarde.
A jovem é usada como álibi pelo conde Jacob Barba-Ruiva, acusado da morte do irmão, que almejava ficar com a coroa, não tivesse o seu destino sofrido uma reviravolta. Littegarde, apaixonada por Frederico von Trota, camareiro de Duque de Breysach, pede-lhe ajuda. Impelido em “livrar a sua amada da acusação de desonra que caíra sob ela”, o camareiro desafia o conde para o desfecho que o nome da peça deixa antever: um duelo. É neste jogo de honra e sinceridade que o triângulo de protagonistas se envolve.
Em O Duelo, Kleist criou uma obra em desajuste com a sua época e as suas leis, já que nela se observa um rigor impiedoso nos inquéritos e na instrução jurídica pouco próprio do século XIV – época da ação –, no qual a crença religiosa prevalecia. O juízo divino, os triunfos da espada, a lei e o sentido de justiça acabam por ser colocados em causa quando o vencido do duelo recupera das terríveis feridas do confronto e o vencedor sucumbe no seguimento de uma “leve arranhadura”.
Resultando de uma coprodução Teatro Nacional São João, Centro Cultural de Belém e Horta Seca, o espetáculo integra ainda um excerto Sobre o Teatro de Marionetas e Outros Escritos, também de Kleist, na tradução de José Miranda Justo (Antígona, 2009). O espetáculo pode ser visto de 1 a 10 de julho, estando em cena de quarta-feira a sábado, às 19h00, e ao domingo, às 16h00. No dia 2 de julho, a récita conta com uma conversa pós-espetáculo com o dramaturgo e professor Jorge Louraço Figueira. O preço dos bilhetes é de 10 euros.