Os docentes do 3.º ciclo em Portugal recebem anualmente cerca de 41.200 euros, um montante inferior em oito mil euros à média anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que se situa nos 50 mil euros, segundo o relatório ‘Education at a Glance 2023’ divulgado esta terça-feira. Esta discrepância nos salários é apontada como um possível factor na atratividade da profissão em Portugal.
O estudo da OCDE sublinha que, entre 2015 e 2022, os salários dos docentes do ensino secundário com 15 anos de experiência diminuíram na maioria dos países membros da OCDE. Em território português, houve uma descida de 1%.
Após ajustes ao poder de compra, a análise indica que os docentes portugueses do 3.º ciclo estão financeiramente em desvantagem comparativamente a colegas de outros países da organização.
No entanto, internamente, os professores em Portugal destacam-se positivamente, com os do ensino obrigatório a ganharem 42% a mais do que outros profissionais com formação superior.
Um dos dados apresentados indica que o país despende menos 14% por estudante quando comparado com a média da OCDE. Portugal investiu 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, equivalente à média da OCDE, no entanto, a despesa por aluno em Portugal é de 10.063 euros, inferior aos 11.766 euros da média da OCDE.
O financiamento privado em Portugal tem um peso maior, representando 12% das despesas no ensino obrigatório, em contraste com os 9% da OCDE.
No panorama educacional pós-ensino secundário, 80% dos jovens que terminam o ensino regular prosseguem os estudos, contrariamente aos que frequentaram o ensino profissional, dos quais apenas 18% continuam a estudar.
Relativamente à inserção no mercado de trabalho, jovens que passaram pelo ensino profissional têm maior facilidade em encontrar emprego em comparação com os do ensino regular. Contudo, a taxa de conclusão dentro do prazo previsto é menor no ensino profissional, com apenas 69% a concluir o curso em cinco anos.
Por último, o relatório da OCDE assinala que, em 2022, 11,4% dos jovens entre os 18 e os 24 anos em Portugal não estudavam nem trabalhavam. No entanto, a percentagem de jovens portugueses com ensino superior tem vindo a crescer, registando uma subida de 33% em 2015 para 44% em 2022.