Portugal registou o quinto maior défice na balança comercial entre os países da União Europeia em 2022, com um défice de 31.036 milhões de euros, correspondente a 13,0% do PIB, revelou esta sexta-feira, dia 9 de junho, o INE.
De acordo com uma análise do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o comércio internacional de bens de Portugal no contexto da União Europeia e da zona euro, a França apresentou o maior défice comercial, enquanto a Alemanha registou o maior excedente.
Em termos proporcionais, Malta, Chipre e Croácia destacaram-se com os maiores défices em relação ao PIB, enquanto a Irlanda apresentou o maior excedente em relação ao PIB, seguida pelos Países Baixos e pela Alemanha.
Os dados do INE indicam ainda que, em 2022, os maiores défices comerciais de Portugal mantiveram-se nas transações de bens com Espanha, China e Alemanha, embora tenha havido troca de posições entre estes dois últimos países.
O maior excedente continuou a ser nas trocas comerciais com a França, seguido pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos.
No ano passado, as exportações portuguesas de bens atingiram um valor recorde, totalizando 78.207 milhões de euros, o que representa um aumento de 22,9% em relação ao ano anterior e 30,6% em relação a 2019, após um aumento homólogo de 18,3% em 2021.
Este crescimento das exportações portuguesas em 2022, em comparação com 2021, superou em 1,9 pontos percentuais o crescimento das exportações dos países da União Europeia em conjunto (que foi de 21,0%), embora em comparação com 2019 as exportações portuguesas tenham aumentado ligeiramente menos (-0,1 pontos percentuais).
Em relação às importações de bens, estas atingiram 109.243 milhões de euros em 2022, também um valor recorde nas estatísticas do comércio internacional, registando um aumento de 31,4% em relação ao ano anterior (em 2021, o aumento foi de 22,0%) e um aumento de 36,6% em relação a 2019.
Em comparação com as importações totais da União Europeia, que aumentaram 28,9% em relação ao ano anterior e 43,4% em comparação com 2019, as importações portuguesas registaram um crescimento anual “ligeiramente superior” (+2,5 pontos percentuais) em 2022, mas inferior em relação a 2019 (-6,8 pontos percentuais).
Comparando com o crescimento das importações dos países da zona euro, as importações portuguesas tiveram um crescimento maior em 2021 (+1,8 pontos percentuais), mas menor em relação a 2019 (-6,4 pontos percentuais).
Em 2022, as importações provenientes de países da UE aumentaram 23,9% em relação a 2021 (+14.641 milhões de euros), enquanto as importações de países fora da UE aumentaram 52,3% (+11.456 milhões de euros). Em 2021, os aumentos foram de 20,3% e 27,0%, respetivamente.
A China manteve-se como o principal fornecedor externo de Portugal e subiu para a quarta posição como principal parceiro comercial (era sexto em 2021), representando 5,1% do total das importações portuguesas (+0,3 pontos percentuais em relação a 2021).
Comparando com o ano anterior, no ranking dos 10 principais países fornecedores de bens a Portugal, os Países Baixos e a Itália desceram para o quinto e sexto lugares, respetivamente (eram quarto e quinto em 2021).
A Bélgica, que ocupava o sétimo lugar em 2021, foi ultrapassada pelo Brasil e pelos Estados Unidos (oitavo e nono, respetivamente, em 2021), passando a ocupar o nono lugar. A Polónia deixou de ser o 10º principal fornecedor (passou para o 11º em 2022), trocando de posição com a Nigéria.
Nos últimos dez anos, as exportações portuguesas divergiram em média +0,7 pontos percentuais em relação ao conjunto dos países da União Europeia e +0,9 pontos percentuais em relação aos países da zona euro.
“A maior diferença ocorreu em 2013, quando as exportações portuguesas cresceram 4,6% em comparação com +0,3% na União Europeia e +0,1% no conjunto dos países da zona euro”, detalhou o INE.
Em 2020, ano marcado pelo início da pandemia, as exportações portuguesas diminuíram mais acentuadamente, registando uma queda de 10,3%, em comparação com -8,0% da União Europeia e -8,8% da zona euro.
Por sua vez, as importações portuguesas divergiram nos últimos dez anos, em média, +1,1 pontos percentuais em relação ao conjunto da União Europeia e +1,4 pontos percentuais em relação aos países da zona euro.
De acordo com o INE, “a maior diferença ocorreu durante o período em que os efeitos da pandemia de covid-19 foram mais sentidos, com as importações portuguesas a diminuírem 14,8% em 2020, em comparação com -8,9% no conjunto da União Europeia e -9,7% nos países da zona euro”.