Portugal atravessa uma seca “impressionante”, apelidou a ONU. A entidade alerta ainda para o uso pouco eficiente da água, nomeadamente no setor da agricultura.
“A gravidade da seca em Portugal é realmente impressionante. Quando viajámos pelo país, foi realmente devastador ver como a paisagem está seca após estes muitos meses de seca”, afirmou David Boyd, numa conferência de imprensa realizada no Oceanário de Lisboa, sublinhando: “Podemos usar a água de forma muito mais eficiente, seja em eletrodomésticos ou em sistemas industriais que reciclam e reutilizam a água em circuito fechado”, disse o relator especial para os Direitos Humanos e o Meio Ambiente das Nações Unidas (ONU), David Boyd.
Segundo o especialista da ONU, Portugal desperdiça a maior quantidade de água no setor da agricultura e, “dadas as circunstâncias atuais” no país, deviam ser aposta os tipos de culturas que requerem menos água para o seu desenvolvimento.
“Precisamos de encontrar formas de utilizar a água de forma muito mais eficiente na agricultura e as suas soluções tecnológicas, como a irrigação gota a gota, que pode custar mais do que a irrigação convencional, mas que é muito mais amigável do ponto de vista da eficiência hídrica”, argumentou.
David Boyd centrou ainda a sua intervenção numa reciclagem de água em algumas cidades portuguesas, ao notar a existência de tecnologias que podem purificar para o consumo ou para a utilização na produção agrícola.
O relator especial da ONU alertou ainda para a necessidade de melhoramento dos sistemas de abastecimento de água, quer ao nível de água potável, quer nos sistemas de águas residuais, dentro das cidades perante a elevada quantidade de desperdício através de fugas.
“Garantir que essa infraestrutura é monitorizada e alvo de uma manutenção regular é uma peça essencial do puzzle, porque isso é água que está a ser desperdiçada”, sentenciou.