Face às recentes invasões da Rússia à Ucrânia e a ameaça de uma possível guerra nuclear, por toda a Europa tem havido uma procura crescente por medicamentos de iodo, com stocks a esgotar um pouco por toda a parte.
“Nos últimos seis dias, as farmácias búlgaras venderam tanto [iodo] quanto vendem num ano”, explicou à agência Reuters Nikolay Kostov, presidente do Sindicato das Farmácias da Bulgária. “Algumas farmácias já não têm stock. Encomendamos mais quantidades, mas temo que não durem muito tempo”, acrescentou.
O Sindicato dos Farmacêuticos da Bélgica revelou à agência de notícias Belga que mais de 30.000 caixas de comprimidos de iodo foram distribuídas na segunda-feira, sendo que as farmácias belgas estão a dispensar gratuitamente os comprimidos aos cidadãos nacionais.
Caso exista exposição a radiação nuclear, existe a indicação de possibilidade de recurso a iodeto de potássio, contudo, essa toma só deve ser feita nessa situação específica, e nunca como forma de prevenir uma possível exposição e consequentemente contaminação à radiação nuclear. Além disso, deve ser tomado com recomendação médica, uma vez que o seu consumo é um risco para pessoas com hipertiroidismo, por exemplo.
“Até que ponto os comprimidos de iodo seriam úteis contra os efeitos das bombas nucleares é, no mínimo, questionável”, explicou à Euronews Hielke Freerk Boersma, especialista em proteção contra radiações da Universidade de Groningen (Países Baixos). “O uso desnecessário de comprimidos de iodo, o que pode acontecer quando as pessoas entram em pânico, também pode causar efeitos adversos para a saúde”, acrescentou.
Em Portugal, os comprimidos de iodo são comercializados com receita médica e numa dose inferior à necessária caso houvesse exposição a radiação nuclear, fazendo com que, na visão de vários farmacêuticos, esta procura apressada acabe por não fazer muito sentido.