O número de insolvências empresariais aumentou 14% no distrito do Porto em 2024, ultrapassando a média nacional, de acordo com o Relatório Global de Insolvências da Allianz Trade. A tendência de crescimento deverá manter-se até 2026, com novos aumentos já previstos.
O mais recente Relatório Global de Insolvências da Allianz Trade, divulgado a 27 de março, revela que o número de empresas insolventes continuará a aumentar a nível mundial em 2025 e 2026. Depois de um crescimento de 10% em 2024, as previsões apontam para uma subida adicional de 6% no próximo ano e 3% no seguinte. Portugal não escapa a esta tendência, com um crescimento previsto de 4% em 2025 e uma estabilização em 2026.
O distrito do Porto destacou-se em 2024 com um aumento de 14% nas insolvências, acima da média nacional. Este valor reflete as dificuldades específicas do tecido empresarial da região, que tem enfrentado um ambiente económico instável e uma recuperação lenta da procura. A nível nacional, estima-se que tenham ocorrido cerca de 2.400 insolvências em 2024, ainda abaixo dos níveis registados antes da pandemia.
Os setores mais afetados no país foram o têxtil, com um aumento de 24%, os serviços (+7%) e o agroalimentar (+4%). Em sentido inverso, registaram-se quebras na construção (-9%), no retalho (-1%) e nos transportes (-3%).
A nível global, quatro em cada cinco países registaram aumentos no número de insolvências empresariais em 2024. A América do Norte e a Ásia lideraram esta recuperação, enquanto a Europa Ocidental continuou a ser uma das principais contribuintes, ainda que com um ritmo mais lento. Entre os setores mais atingidos mundialmente encontram-se os transportes, a construção e os serviços B2B. Só em 2024, faliram 474 grandes empresas, segundo a Allianz Trade.
A instituição sublinha que o contexto económico permanece frágil e que fatores como taxas de juro elevadas, incertezas geopolíticas e possíveis guerras comerciais poderão agravar ainda mais a situação. Uma eventual guerra comercial, por exemplo, poderia fazer aumentar as insolvências globais em até 8,3% em 2026.
A nível nacional, o relatório destaca também a importância do crédito e da liquidez como ferramentas cruciais para travar novas insolvências, principalmente entre empresas com maiores dificuldades de financiamento, ou expostas a desafios como a transição verde, o avanço da inteligência artificial ou ruturas na cadeia de abastecimento.