A Federação Académica do Porto apresentou ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior uma proposta para testar a semana de quatro dias de aulas, anunciou esta segunda-feira a instituição.
Ter um dia livre nas Instituições de Ensino Superior (IES), reduzir a carga horária em contexto de sala de aula, e promover a inovação pedagógica através de novos métodos de ensino-aprendizagem, são os primeiros requisitos elencados na proposta da FAP.
“A proposta desenvolvida não pretende que as IES funcionem apenas durante quatro dias por semana. Pretende uma reorganização da jornada de aulas. (…). Se nunca testarmos, nunca saberemos se resulta”, defende a presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Ana Gabriela Cabilhas.
Para a FAP, o formato das aulas, sobretudo em contexto de unidades curriculares mais teóricas, ainda está muito enviesada num modelo predominantemente expositivo, com comunicação unidirecional e participação passiva dos estudantes. “A reorganização do horário semanal é possível, se adotarmos diferentes práticas e métodos pedagógicos”, defende.
“Para compensar a redução da carga horária, a adesão ao projeto-piloto deve contemplar a tecnologia como um elemento facilitador na missão de ensinar. O tempo de contacto docente-discente deverá tornar-se mais dinâmico, estimulando e motivando os estudantes com a introdução de ferramentas digitais que vão de encontro às capacidades e interesses dos nativos digitais”, acrescenta.
A libertação de um dia útil vai permitir que os estudantes realizem atividades de desenvolvimento transversal, de caráter formal ou informal, tenham ainda tempo para a participação em atividades desportivas, culturais, associativas ou de voluntariado.
“A valorização formal da aprendizagem não formal é essencial para que mais estudantes compreendam a importância de desenvolverem outras competências fora da componente letiva e a dedicação que esta exige. O desenvolvimento pessoal e interpessoal dos estudantes é fundamental para a inserção na vida ativa”, retrata a presidente da FAP.
Ainda de acordo com a Federação Académica do Porto, Portugal está entre os países europeus com a carga horária mais elevada.
“São 21 horas de aulas semanais, contrastando com as médias de 16 a 18 horas da França, Bélgica e Países Baixos, as 14 a 15 horas do Reino Unido e Irlanda e as 10 horas da Suécia”, assinala a FAP, acrescentando que Portugal está entre os países europeus com maior prevalência de perturbações do foro psicológico ou psiquiátrico e a população estudantil não é exceção, com situações de ‘burnout’ (exaustão) cada vez mais frequentes entre os estudantes do Ensino Superior.