O Electrão registou um crescimento de 31% na recolha de equipamentos elétricos em 2024, encaminhando mais de 36 mil toneladas para reciclagem. Apesar do aumento significativo, a organização alerta que Portugal ainda não cumpre as metas europeias e enfrenta desafios como o mercado paralelo e a acumulação de aparelhos elétricos nas casas dos cidadãos.
A organização Electrão conseguiu um aumento de 31% na recolha de equipamentos elétricos em 2024, um número que representa um total de 36.381 toneladas enviadas para reciclagem. Comparativamente, em 2023, tinham sido recolhidas 27 mil toneladas, e em 2022, 24 mil toneladas, o que demonstra um crescimento sustentado na reciclagem deste tipo de resíduos.
Em comunicado, a entidade afirma que os equipamentos de grandes dimensões, como máquinas de lavar e frigoríficos, representaram a maior fatia dos resíduos recolhidos, num total de 22.233 toneladas. Seguiram-se os pequenos eletrodomésticos, como aspiradores, torradeiras e ferros de engomar, com 6.837 toneladas recolhidas. Outros artigos reciclados incluem 4.470 toneladas de equipamentos informáticos e de telecomunicações, 2.456 toneladas de ecrãs e 313 toneladas de lâmpadas.
Um dos destaques do relatório de 2024 é o aumento na reciclagem de grandes equipamentos elétricos, que subiu 43% face ao ano anterior. Este crescimento ganha ainda mais relevância devido ao mercado paralelo, um problema que o Electrão tem vindo a denunciar. Muitas vezes, estes equipamentos são desviados do circuito formal, impedindo que sejam corretamente descontaminados e reciclados, o que compromete as metas ambientais do país.
O aumento da reciclagem foi impulsionado por vários fatores, entre os quais a expansão da rede de recolha própria do Electrão, que passou a contar com 13.500 pontos de recolha em todo o país, mais 2.103 locais do que em 2023. Além disso, projetos como o Porta-a-Porta, que permite a recolha de grandes eletrodomésticos diretamente nas casas dos cidadãos, e campanhas como o “Quartel Electrão” e a “Escola Electrão”, também contribuíram para este crescimento.
Segundo o mesmo comunicado, apesar destes avanços, o país ainda não cumpre as metas europeias de reciclagem e enfrenta desafios persistentes, como a acumulação de pequenos equipamentos elétricos nas casas dos portugueses. Muitos cidadãos guardam aparelhos que já não utilizam, em vez de os encaminharem para reciclagem, o que reduz a eficiência do sistema de recolha.
O Diretor-Geral de elétricos e pilhas do Electrão, Ricardo Furtado, sublinha que, apesar do crescimento dos números, ainda há muito trabalho a fazer. “Verificamos, com entusiasmo, que os resultados alcançados têm vindo a crescer, ano após ano, mas queremos melhorar ainda mais. Continuamos longe de atingir os objetivos desejados na reciclagem de equipamentos elétricos em Portugal e, para isso, queremos contar com o contributo de cada vez mais portugueses nesta missão”, afirmou.
A entrada em vigor da nova licença para entidades gestoras, que impõe metas mais ambiciosas, torna 2025 um ano desafiante para o setor da reciclagem em Portugal. O Electrão, que este ano celebra 20 anos de atividade, pretende reforçar o seu compromisso com a sustentabilidade e aumentar a taxa de reciclagem no país.
Além da reciclagem, a organização está focada em prolongar a vida útil dos equipamentos elétricos, incentivando a reutilização e reparação de aparelhos. Através da plataforma Ondedoar.pt, o Electrão promove a doação de equipamentos elétricos, enquanto a Academia REPARA se dedica à reparação de aparelhos para evitar o seu desperdício. Em 2024, foram reutilizadas 1.327 toneladas de equipamentos elétricos, um aumento de 14% em relação a 2023.