Um novo estudo da Universidade do Michigan analisou vários homens, com o exame de sangue do PSA – Antigénio Específico da Próstata, conseguindo reduzir os casos de diagnóstico avançado em 11%, indicando que mais prevenção iria ajudar a detetar o cancro mais cedo.
Novembro é o mês dedicado à saúde do homem, com especial destaque para a prevenção do cancro da próstata, o mais frequente entre os homens. De acordo com o urologista Dr. José Sanches Magalhães, médico com mais de vinte anos de experiência no Instituto Português Oncologia do Porto e fundador do Instituto de Terapia Focal da Próstata, “deixar de fumar, praticar exercício físico, manter uma alimentação saudável e evitar a obesidade são conselhos que todos devemos ter presentes. No entanto, a prevenção e diagnóstico precoce do cancro da próstata são instrumentos indispensáveis no combate à doença”.
Com uma rotina de prevenção e diagnóstico precoce do cancro da próstata, várias vidas podiam ter sido salvas, tal como indica um novo estudo da Universidade do Michigan. Segundo o mesmo programa, apenas pela realização do exame de sangue do PSA (Antigénio Específico da Próstata), os casos em que a doença só é detetada numa fase já avançada são reduzidos em 11%. Os investigadores analisaram dados de 5,4 milhões de homens, comparando as taxas de diagnóstico a casos de cancro metastático – cancro que se espalhou – em registos de pacientes, entre 2005 e 2019.
Segundo o estudo, as taxas de rastreio do PSA caíram de 47% em 2005 para 37% em 2019, em todas as idades e etnias. Já a proporção de pacientes que não realizaram exames, ao longo de três anos consecutivos também cresceu, de acordo com os resultados apresentados na Reunião Anual da Sociedade Americana de Radioncologia (ASTRO). No geral, os casos de cancro da próstata avançado aumentaram, de 4,6 casos por 100.000 homens em 2008 para 7,9 por 100.000 em 2019, o que foi atribuído aos números crescentes nos grupos de idade mais avançada.
De 128 unidades de saúde analisadas pela Universidade do Michigan, aquelas com taxas mais baixas de rastreio anual apresentaram taxas mais altas de cancro da próstata avançado, de acordo com os investigadores. Para uma queda de 10% na triagem, houve um aumento correspondente de 10% nas taxas de cancro da próstata avançado, cinco anos depois. Em situações em que os homens deixaram de comparecer ao rastreio, durante três anos, o número de casos diagnosticados, de cancro da próstata avançado, aumentou 11%.
O urologista Dr. José Sanches Magalhães explica que estudos como este demonstram que “o rastreio regular dos homens pode efetivamente reduzir o risco de cancro da próstata metastático mais tarde”.
Estima-se que em Portugal, durante o ano 2020, tenham surgido 6759 novos casos de cancro da próstata. As estimativas (Globocan, 2021) indicam que em 2040 esse número ascenda a 8216, correspondendo a um aumento de 21,6%.
Segundo o urologista Dr. José Sanches Magalhães, “deve ser proposta a hipótese de deteção precoce do cancro da próstata a todos os homens entre os 40 e os 50 anos, especialmente aqueles com familiares diretos com cancro da próstata”.
Um valor do PSA aumentado implica o despiste de cancro da próstata, no entanto, além do cancro, existem outras situações que podem ser responsáveis pelo resultado, tais como prostatite (aguda ou crónica), infeção urinária, retenção urinária, aumento benigno da próstata (HBP) ou realização de uma endoscopia, biópsia ou cirurgia da próstata. Atualmente está recomendado realizar sempre uma ressonância magnética nuclear (RMN) antes de realizar biópsia prostática. Na grande maioria dos casos a biópsia só deve ser realizada se a RMN for suspeita. Apenas a biópsia confirma o diagnóstico de cancro.
Cerca de 90% de todos os cancros deste tipo são detetados quando o tumor está localizado na próstata ou em torno dela, pelo que as taxas de sucesso do tratamento são elevadas, comparativamente com outros tipos de doença oncológica. Apesar de a maioria destes tipos de cancro ser de evolução lenta ou surgir, muitas vezes, em idade bastante avançada, existem casos em que a doença se manifesta de forma mais agressiva. No entanto, a deteção do cancro da próstata numa fase precoce permite o tratamento, com uma taxa de cura que pode ultrapassar os 95%.