Centenas de imigrantes ucranianos e alguns russos residentes em Portugal estão a ser vítimas de um esquema, no qual pessoas se fazem passar por inspetores da Polícia Judiciária para obter informações pessoais e financeiras. A Associação dos Ucranianos em Portugal apresentou uma queixa à Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e o caso está a ser investigado.
A Associação dos Ucranianos em Portugal alertou esta semana para um esquema que está a afetar a comunidade ucraniana e, em menor número, imigrantes russos no país. Segundo o presidente da associação, Pavlo Sadokha, citado pelo Diário de Notícias, os contactos fraudulentos são feitos a partir de números portugueses, e os autores, que falam em língua russa, apresentam-se como inspetores da Polícia Judiciária (PJ), funcionários bancários ou procuradores.
O esquema foi identificado após múltiplos relatos de imigrantes, incluindo o próprio presidente da associação, que também recebeu uma destas chamadas. “Uma senhora apresentou-se em russo como inspetora da PJ, afirmando que houve uma burla e pedindo-me para confirmar os meus dados bancários. Percebi que era uma burla e desliguei imediatamente”, contou Pavlo Sadokha ao Diário de Notícias.
Desde então, surgiram relatos semelhantes de centenas de ucranianos em redes sociais e diretamente à associação. As vítimas relatam que os autores das chamadas têm conhecimento prévio de nomes e apelidos, o que levanta suspeitas de uma possível fuga de dados. Alguns dos alvos relataram ainda ter sido ameaçados após recusarem ceder informações pessoais.
A Associação dos Ucranianos apresentou queixa à CNPD, denunciando uma potencial violação de dados em larga escala. Algumas vítimas também já formalizaram queixas na polícia. Pavlo Sadokha sublinha que, até ao momento, nenhuma pessoa terá cedido dados, mas alerta para a gravidade do esquema.
A Polícia Judiciária confirmou que um esquema semelhante foi detetado em 2023, envolvendo contactos em língua inglesa feitos em nome da PJ ou da Europol. Na altura, a PJ apelou à população para não fornecer informações pessoais, registando os números suspeitos e denunciando-os às autoridades.