Pela primeira vez nas últimas seis (pelo menos) décadas, a China atravessa um declínio populacional. Desta forma, a Índia pode tornar-se no país mais populoso do Mundo ainda este ano, se já não o for.
O Gabinete Nacional de Estatística da China anunciou na passada terça-feira que o número de mortes registadas, de 10,41 milhões, superou o número de nascimentos, 9,56 milhões, resultando no declínio da população em 2022. A última vez que a China relatou um declínio foi quando o Grande Salto para a Frente – um plano económico falhado liderado pelo Partido Comunista Chinês de Mao Tse Tung – provocou a fome que culminou com a morte de milhões de pessoas.
Segundo a agência Reuters, os peritos da ONU previam que a população da Índia atingiria 1,412 mil milhões, contudo, existe a incerteza quanto à forma como a Índia tem em conta os métodos de recolha de dados populacionais, que se realiza a cada década, e o facto de o censo de 2021 ter sido adiado pela pandemia da COVID-19.
Yi Fuxian, cientista sénior da Universidade de Wisconsin-Madison e crítico proeminente da política de natalidade chinesa, descreve o declínio populacional da China como “muito mais desolador do que o esperado”.
“A população da China começou a diminuir 9-10 anos antes das projeções das autoridades chinesas e da ONU, o que significa que a verdadeira crise demográfica da China está além da imaginação e que todas as políticas económicas, sociais, de defesa e externas do passado da China se baseavam em dados demográficos defeituosos”, escreve numa declaração à TIME.
Fuxian diz ainda que o declínio populacional chinês foi provocado pelo aumento do custo de vida do país, que desencoraja um maior crescimento populacional, bem como a campanha “mais tarde, mais tempo, menos tempo”, e ainda pela política de uma só criança com décadas de duração.