O aumento continuado dos preços das matérias primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, está a fazer com que pequenos e médios produtores de vinho estejam à beira da falência.
A ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas tem estado em contacto permanente com a fileira e a situação atual é dramática. O gasóleo agrícola, um produto tão sensível para o agro-alimentar, subiu de €0,83 para quase €1,80 o litro.
“Não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área. A eletricidade subiu exponencialmente. As caixas de cartão subiram 125%, de €400,00 para mais de €900,00 o milheiro. As garrafas subiram já quatro vezes este ano, de €0,18 em 2021 para €0,27 em 2022, 50% de aumento para uma garrafa tipo. Os rótulos subiram também 50%. As rolhas 20%. As cápsulas 30%. Todos os fornecedores debitam agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços”, disse Paulo Amorim, Presidente da Direção da ANCEVE.
Para além do custo de matérias primas, o custo dos transportes também disparou como, por exemplo, o custo de envio de uma palete de vinho de Lisboa para o Algarve, que antes era de 35,00€, agora é de 65,00€.
Por outro lado, existe falta de mão-de-obra, numa altura em que se inicia mais uma época de vindima, sendo que a “legislação continua a estar desadaptada à realidade, sem qualquer flexibilidade”, frisa Paulo Amorim.
O Presidente da Direção da ANCEVE dá ainda o exemplo de “se um trabalhador com salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica”.
“É urgente e imperioso que o Governo aceite agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho, um sector que leva longe o nome de Portugal mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos”, terminou Paulo Amorim.