O aumento dos preços do gás e da electricidade levou a que três dos maiores produtores europeus de AdBlue, aditivo obrigatório nos motores a diesel mais recentes que tem como objectivo reduzir as emissões poluentes, parassem temporariamente a produção, levando a um aumento de preços, além da escassez do produto.
À TSF, vários responsáveis do sector dos transportes demonstraram a sua preocupação. “Neste momento, o AdBlue custa, face ao período antes do Verão, três vezes mais, o que implica para as empresas de transporte um custo superior a 100 euros por mês só para AdBlue. Em termos do abastecimento, começamos a notar algumas dificuldades em Portugal e em Espanha, e já houve dias de ruptura”, revelou o presidente da Antram – Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias, Pedro Polónio, lembrando que este produto é obrigatório nos veículos a diesel desde Setembro de 2014.
“Hoje, mais de 70 a 80% da frota já utiliza AdBlue e, não havendo possibilidade de abastecimento do AdBlue, isso implicará a paragem das viaturas, uma vez que, sem AdBlue, estão tecnicamente preparadas para pararem. Além disso, existe legislação europeia que obriga a que uma viatura certificada como Euro 6, por exemplo, tenha de estar a consumir AdBlue, sob pena de estar a incumprir esta certificação. Portanto, a escassez e interrupção da cadeia de abastecimento de AdBlue implicará paragem de viaturas”, acrescentou.
Em declarações à mesma rádio, o presidente da Federação Portuguesa do Táxi, Carlos Ramos, alertou que há marcas que já estão a recusar vender este aditivo: “É o caso da Renault. Em contacto com eles, soubemos que estão a reservar este produto só para carros das marcas deles. Não estão a vender a ninguém, é só para consumo interno.”
A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas diz que ainda não se vive um período de escassez, mas que os postos de combustível confirmam algumas dificuldades no abastecimento de AdBlue, assim como a crescente subida do preço do aditivo.