Portugal ultrapassou a meta europeia de 9% prevista para 2030, relativa ao abandono escolar, avançou a Fundação José Neves através de uma análise.
A descida do abandono escolar precoce nos últimos 10 anos representa um dos progressos mais relevantes na educação em Portugal. Em 2011, o mesmo indicador fixava-se nos 23%, ou seja, durante estes anos, verificou-se uma notável redução de 17 pontos percentuais.
A redução do abandono precoce está nomeadamente associada ao alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos de idade (medida que data de 2009) e à expansão da via profissionalizante do ensino secundário.
Em 2022, a taxa de abandono escolar precoce foi significativamente mais baixa nas mulheres (3,9%) em relação aos homens (7,9%), contudo, a diferença na taxa de abandono precoce da educação ou formação entre homens e mulheres tem vido a decrescer (de 10,4 pontos percentuais, em 2011, para 4 pontos percentuais, em 2022).
A União Europeia definiu que, até 2030, a taxa de abandono escolar precoce se situasse abaixo dos 9%. Relativamente a Portugal, os dados mais recentes demonstram valores de abandono escolar precoce mais baixos do que a generalidade dos países europeus. A média europeia situou-se nos 9,7%, enquanto que a média portuguesa em 2021 foi de 5,9%.
A expansão do leque de escolhas do ensino secundário entre os mais jovens levou à redução da taxa de abandono escolar ao longo da última década. Em 2021, 83% dos jovens portugueses com idade entre os 25 e os 34 anos tinham completado, pelo menos, o ensino secundário.
Dez anos antes, essa taxa foi de 56%. O reforço do ensino profissional, no secundário, foi particularmente notório a partir de 2005, quando a sua oferta foi generalizada às escolas públicas, e foi sendo reforçado nos anos seguintes com o objetivo de combater o insucesso e o abandono escolar.
A diminuição da taxa de abandono escolar ao longo da última década alberga, ainda, diferenças regionais bastante significativas. Em 2021, a taxa de abandono na Região Autónoma dos Açores foi de 23,2%, quase quatro vezes superior à média nacional no mesmo ano (5,9%). Só a Área Metropolitana de Lisboa e a região Norte registaram, em 2021, taxas de abandono escolar inferiores a 6%.