Apesar de se ter registado uma evolução favorável, um terço da população portuguesa ainda toma os antibióticos de forma inadequada, segundo a Pfizer que cita um estudo realizado pelo Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa.
Em Portugal, como no resto do mundo, o consumo inapropriado de antibióticos é apontado como um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de bactérias resistentes. Se nada mudar, em 2050 os problemas relacionados com a resistência aos antibióticos vão matar mais do que o cancro, e afetar pessoas de todas as idades, com consequências graves para a sociedade e o ambiente, afirma a empresa em comunicado.
Quando mal consumidos, os antibióticos são responsáveis pelo desenvolvimento de bactérias resistentes. A manter-se esta tendência, dentro de alguns anos poderemos voltar à era pré-antibióticos, tempo em que ferimentos e infeções simples podiam causar danos consideráveis ou mesmo levar à morte, transformando procedimentos médicos de rotina em procedimentos de elevado risco.
O “Consumo de Antibióticos” em números
Realizado pelo Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, o inquérito “Consumo de Antibióticos” foi lançado no ano passado, no âmbito do Dia Europeu do Antibiótico, com o objetivo de retratar os hábitos, as perceções e comportamentos das famílias portuguesas face aos antibióticos.
· 73% dos inquiridos confirmaram que tomam antibióticos; dos restantes 27%, cerca de metade (13%), afirmaram nunca ter tido necessidade de tomar antibióticos e os outros 14% recusam tomar antibióticos mesmo quando prescritos pelo seu médico. Dos inquiridos que afirmam tomar antibióticos, 76% só o faz quando prescrito pelo seu médico. São os mais jovens que tomam menos antibióticos, o que é expectável dada a melhor condição geral de saúde.
· Dos portugueses que tomam antibióticos, cerca de 59% recebeu a indicação para a toma em consultas médicas de ambulatório ou similares, 19% em consultas de emergência, 14% teve o antibiótico prescrito por dentistas e 7% durante internamentos hospitalares.
· Entre os que tomam antibióticos, 40% considera a duração do tratamento o mais importante. Para 27%, a informação mais importante são os efeitos indesejáveis. São os mais idosos e em particular os homens que dão mais importância à duração do tratamento. As mulheres dão também grande importância a esta dimensão e aos efeitos indesejáveis, mas tal como os mais jovens atribuem maior importância à interação dos antibióticos com outra medicação. Entre os mais jovens há uma maior preocupação com a frequência das tomas que nas outras faixas etárias.
· Dois terços dos inquiridos declarou seguir a prescrição até ao final do tratamento; 9% deixa de tomar o antibiótico assim que se sente melhor, sendo este valor muito superior entre os homens e os mais jovens.
· Metade dos inquiridos afirma devolver na farmácia os antibióticos que sobram, mas 30% guarda-os para uma próxima necessidade. 25% diz ter sempre um stock de antibióticos em casa – a esmagadora maioria fruto do último tratamento.
· Somente 36% da amostra identificou corretamente o propósito dos antibióticos: tratar infeções provocadas por bactérias; 35% afirmou não saber. São as mulheres e os mais jovens que melhor conhecimento demonstram sobre o consumo dos antibióticos: 39% das mulheres face a 33% dos homens identificou corretamente as infeções tratadas por antibióticos, em contraste com apenas 24% dos mais idosos.
· Dois terços dos inquiridos afirmaram conhecer o conceito de resistência aos antimicrobianos, registando-se um maior desconhecimento na população acima de 65 anos (44%). Para 95% dos que conhecem o conceito, este é um problema sério.
Fonte: Inquérito Nacional “Consumo de Antibióticos | novembro 2020 [em anexo]
Resistência aos antibióticos em Portugal e no Mundo
A resistência aos antibióticos é a capacidade dos microrganismos se modificarem, desenvolvendo mecanismos que os tornam resistentes à ação dos antibióticos. O consumo de antibióticos é, atualmente, um dos determinantes principais do desenvolvimento desta resistência. Caso este ritmo se mantenha, dentro de 30 anos os problemas relacionados com a resistência aos antibióticos matarão mais do que o cancro e afetarão pessoas de todas as idades em todo o mundo, com efeitos laterais para a sociedade e o ambiente.
O consumo de antibióticos começa a revelar alguma diminuição no nosso país, mas continuamos acima da média europeia no que toca à sua utilização. Apresentamos uma das mais elevadas taxas de infeções hospitalares da Europa e quase diariamente registamos casos em que pequenos problemas se transformam em situações graves ou mesmo em mortes devido a infeções hospitalares por bactérias multirresistentes. Mais, este tipo de bactérias pode já não estar restrito aos ambientes hospitalares.
A resistência aos antibióticos tem-se revelado uma grave ameaça para a saúde pública. Na Europa, a prevalência de infeções causadas por microrganismos resistentes a antibióticos é igual à soma da prevalência de tuberculose, VIH/SIDA e gripe e há 30.000 mortes associadas a este tipo de infeções por agentes resistentes. Mais de um terço destes casos é causado por bactérias resistentes a antibióticos “de última-linha”. Se não forem tomadas medidas, dentro de 3 décadas a resistência aos antimicrobianos será responsável por mais mortes do que o cancro e a diabetes juntos, o equivalente a cerca de 10 milhões de óbitos por ano, ou seja, uma morte a cada 3 segundos, à escala mundial.
A campanha da Pfizer Portugal “Tome a atitude certa”, para além da chancela científica do GIS – Grupo de Infeção e Sépsis, conta este ano com o apoio da Ordem dos Farmacêuticos, reforçando assim o objetivo de alertar para a utilização excessiva ou incorreta dos antimicrobianos, um comportamento que conduz ao desenvolvimento e à disseminação crescente de bactérias multirresistentes.
“Tome a atitude certa” vai ter uma presença forte nos canais digitais, com principal foco nas redes sociais, e nas redes nacionais de mupis. Inclui-se nas celebrações da Semana Mundial de Consciencialização Sobre o Uso de Antimicrobianos, marcada para o período entre os dias 18 e 24 de novembro, e tem como público-alvo decisores políticos, administradores hospitalares, médicos e enfermeiros, farmacêuticos, comunicação social e público em geral.