Existe algum preconceito e desconfiança em relação aos trabalhadores que cumprem com as suas tarefas e mesmo assim saem a horas, depois de trabalharem entre 7 ou 8 horas diárias. Como tal, a questão de trabalhar quatro dias por semana parece uma realidade quase impossível.
Em Portugal, apesar de a legislação laboral prever um máximo de 8 horas de trabalho diário e 40 horas de trabalho por semana, há muitos profissionais que continuam a trabalhar 10, 12 ou mais horas diárias, cinco dias por semana. A somar a isso, são cada vez mais os trabalhadores que acusam elevados níveis de stress e pressão provocados pelo trabalho, motivo que pode mesmo levar ao burnout.
Nessa perspetiva, será que trabalhar apenas quatro dias por semana pode fazer a diferença, tanto na vida dos profissionais, como para a empresa? Muito provavelmente sim.
Esta é uma tendência do mercado de trabalho mais faladas nos últimos tempos. No entanto, ainda não há empresas de grande dimensão a aplicar a semana de quatro dias de trabalho à generalidade dos colaboradores.
Este novo sistema, já implementado em algumas empresas a nível mundial, visa permitir aos profissionais uma maior capacidade de satisfação no trabalho e níveis mais baixos de stress. Mais ainda, permite uma melhor noção de equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal.
O primeiro país a apostar neste modelo foi a Islândia. Antes, o governo do país testou o modelo durante quatro anos – entre 2015 e 2019 – e concluiu que não houve perda de produtividade, os trabalhadores sentiram menos stress e o nível de bem-estar aumentou. Atualmente, cerca de 86% da população trabalhadora da Islândia já labora menos horas. E nenhum salário foi reduzido. Mas outros países querem seguir o exemplo, tal como Nova Zelândia, Espanha ou Japão.
Será possível em Portugal?
A lei portuguesa permite a opção de quatro dias de trabalho por semana, mas apenas com o aumento da carga horária diária. Ou seja, esta flexibilidade no trabalho é possível através da adoção do horário concentrado.
Segundo o artigo 209º do Código do Trabalho, as horas de trabalho diário podem aumentar até mais quatro horas diárias desde que haja acordo entre empregador e trabalhador ou por instrumento de regulamentação coletiva e também desde que exista um instrumento de regulamentação coletiva para estabelecer um horário de trabalho que contenha, no máximo, três dias de trabalho consecutivos.
Neste ano de 2021, em agosto, segundo a TVI24 mostrou, pelo menos duas empresas testaram a fórmula e são empresas que assumem que estão em busca do equilíbrio entre a vida profissional e familiar, tentando responder às necessidades dos seus funcionários.