Testemunha contraria versão da tutela.
Um funcionário que estava presente nos trabalhos, no dia em que o carro onde seguia o ministro da Administração Interna atropelou mortalmente um dos trabalhadores, revela agora pormenores do que aconteceu, contrariando a versão da tutela.
Em declarações ao ‘Correio da Manhã’ (CM), o responsável disse que a obra estava sinalizada, como a Brisa já confirmou, e que a vítima, Nuno Santos, estava devidamente equipada, com calças com bandas refletoras e colete também refletor.
Para além disso, o trabalhador não tem dúvidas de que foram cometidos excessos. “O impacto foi brutal, o BMW seguia a uma velocidade louca”, disse, citado pelo jornal.
“Era como meu irmão. Fui a correr e já o vi tapado com o colete. O ministro [Eduardo Cabrita] e o motorista nunca saíram do carro, o BMW foi logo encostado ao lado direito da via”, contou sob condição de anonimato.
Um outro colega, que estava a fazer as limpezas da berma, disse ao ‘CM’ que Nuno Santos era um trabalhador responsável. “Era até o mais cuidadoso de todos nós. Estava sempre a chamar-nos a atenção para o perigo, para não entrarmos na via”, afirmou.
Este funcionário disse ainda que era normal irem ao separador central para limpar as caixas de esgotos. “De dois em dois quilómetros há caixas que muitas vezes ficam entupidas com as ervas. Por isso temos de ir ao separador central para as limpar”, explicou.
“Esta é uma obra em movimento. O que acontece é que está sinalizada na via e depois há ainda o carro de apoio que está atrás dos trabalhadores para os proteger. Aí, também há sinalização das obras e é impossível alguém que circule dentro da velocidade legal não se aperceber das obras na estrada”, garantiu ao jornal.
De recordar que o acidente aconteceu 18 de junho na A6, quando o carro em que seguia Eduardo Cabrita atropelou mortalmente um funcionário de uma empresa que trabalhava para a Brisa.
Na altura o MAI garantiu que “a viatura não sofreu qualquer despiste”, que tinha sido “o trabalhador que atravessou a faixa de rodagem” e que a sinalização a alertar para os trabalhos na via, “era inexistente”.
Contudo, ontem, uma fonte da Brisa disse à ‘SIC que naquele dia decorriam limpezas “na valeta fora da plataforma da autoestrada”, que estavam “devidamente sinalizados”, contrariando também a versão da tutela.
O Ministério Público já abriu um inquérito, a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal de Évora, para averiguar as circunstâncias do acidente.