O mais recente estudo da Dove, no âmbito do Projeto Pela Autoestima, indica que as redes sociais estão a exercer um impacto preocupante na saúde mental dos jovens portugueses, com a maioria admitindo um vício nestas plataformas e muitos sendo expostos a conteúdos prejudiciais. Portugal é apontado como um dos países da União Europeia com maior prevalência de jovens viciados em redes sociais.
Um novo estudo, realizado no âmbito da sua iniciativa Projeto Pela Autoestima, revela números preocupantes sobre o impacto das redes sociais na autoimagem dos jovens em Portugal. Três em cada quatro jovens portugueses afirmam já ter ponderado alterar a sua aparência devido à influência destas plataformas.
O estudo abrangeu oito países, incluindo Portugal, e entrevistou 1.200 jovens e pais portugueses. O resultado é um retrato perturbador do papel que as redes sociais desempenham na vida dos jovens. Em Portugal, 86% dos jovens admitem estar viciados nestas plataformas, um número superior à média europeia de 78%. Muitos jovens portugueses entram nas redes sociais numa idade precoce, com 90% a indicar que já utilizam estas plataformas aos 13 anos. Agravando a situação, 80% dos jovens confessam que preferem a comunicação digital à interação pessoal.
O conteúdo prejudicial disponível nestas plataformas é vasto. Noventa por cento dos jovens já foram expostos a conteúdos tóxicos relacionados com a beleza, incluindo 45% que foram expostos a conteúdos promovendo distúrbios alimentares, 70% a conteúdos incentivando o uso excessivo de filtros em fotografias e vídeos e 25% a conteúdos relacionados com automutilação. A influência destes conteúdos é tal que três em cada quatro jovens reconhecem que as redes sociais têm poder suficiente para os fazer querer alterar a sua aparência.
Eduardo Sá, psicólogo e especialista em Saúde Familiar e Educação Parental, comenta que “O último estudo da Dove ajuda-nos a perceber como muitas das mensagens a que os adolescentes têm acesso, de forma livre, nas redes sociais, podem ter um impacto francamente prejudicial na sua saúde mental e na forma como perspetivam a sua autoestima. Mostra-nos também que não são capazes de destrinçar a realidade que os algoritmos lhes facultam da realidade tal qual ela é, o que faz das redes sociais um elemento preponderante na sua informação e na sua formação.”
Sá acrescenta ainda: “Reconhecendo que os jovens não se autorregulam nem que têm quem os resgate dessa dependência, isso faz das redes sociais uma espécie de ‘droga leve’ que todos consomem.”
O estudo reforça a necessidade de estratégias e políticas eficazes para mitigar os efeitos nocivos das redes sociais na saúde mental dos jovens, bem como o papel crucial dos pais e educadores neste processo. A Dove está comprometida em educar 250 milhões de crianças para a autoestima, em todo o mundo, até 2030.